segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Dilma: a importância de uma mulher na Presidência

Há duas formas principais de estarmos presentes no mundo: pelo trabalho e pelo cuidado.


Como somos seres sem nenhum órgão especializado, à diferença dos animais, temos que trabalhar para sobreviver. Vale dizer, precisamos tirar da natureza tudo o que precisamos. Nessa diligência usamos a razão prática, a criatividade e a tecnologia. Aqui precisamos ser objetivos e efetivos, caso contrário sucumbimos às necessidades.

Na história humana, pelo menos no Ocidente, instaurou-se a ditadura do trabalho. Este mais do que obra foi transformado num meio de produção, vendido na forma de salário, implicando concorrência e devastação atroz da natureza e perversa injustiça social. Representantes principais, mas não exclusivos, do modo de ser do trabalho são os homens.

A segunda forma é o cuidado. Ele tem como centralidade a vida e as relações interpessoais e sociais.

Todos somos filhos e filhas do cuidado, porque se nossas mães não tivessem tido infinito cuidado quando nascemos, algumas horas depois teríamos morrido e não estaríamos aqui para escrever sobre estas coisas.

O cuidado tem a ver mais com sujeitos que interagem entre si do que com objetos a serem gestionados. O cuidado é um gesto amoroso para com a realidade.

O cuidado não se opõe ao trabalho. Dá-lhe uma característica própria que é ser feito de tal forma que respeita as coisas e permite que se refaçam.

Cuidar significa estar junto das coisas protegendo-as e não sobre elas, dominando-as. Elas nunca são meros meios. Representam valores e símbolos que nos evocam sentimentos de beleza, complexidade e força.

Obviamente ocorrem resistências e perplexidades. Mas elas são superadas pela paciência perseverante. A mulher no lugar da agressividade, tende a colocar a convivência amorosa. Em vez da dominação, a companhia afetuosa. A cooperação substitui a concorrência. Portadoras privilegiadas, mas não exclusivas, do cuidado são as mulheres.

Desde a mais remota antiguidade, assistimos a um drama de consequêncas funestas: a ruptura entre o trabalho e o cuidado. Desde o neolítico se impôs o trabalho como busca frenética de eficácia e de riqueza.

Esse modo de ser submete a mulher, mata o cuidado, liquida a ternura e tensiona as relações humanas. É o império do androcentrismo, do predomínio do homem sobre a natureza e a mulher.

Chegamos agora a um impasse fundamental: ou impomos limites à voracidade produtivista e resgatamos o cuidado ou a Terra não aguentará mais.

Sentimos a urgência de feminilizar as relações, quer dizer, reintruzir em todos os âmbitos o cuidado especialmente com referência às pessoas mais massacradas (dois terços da humanidade), à natureza devastada e ao mundo da política.

A porta de entrada ao universo do cuidado é a razão cordial e sensível que nos permite sentir as feridas da natureza e das pessoas, deixar-se envolver e se mobilizar para a humanização das relações entre todos, sem descurar da colaboração fundamental da razão intrumental-analítica que nos permite sermos eficazes.

É aqui que vejo a importância de podermos ter providencialmente à frente do governo do Brasil uma mulher como Dilma Rousseff. Ela poderá unir as duas dimensões do trabalho que busca racionalidade e eficácia (a dimensão masculina) e do cuidado que acolhe o mais pobre e sofrido e projeta políticas de inclusão e de recuperação da dignidade (dimensão feminina).

Ela possui o caráter de uma grande e eficiente gestora (seu lado de trabalho/masculino) e ao mesmo tempo a capacidade de levar avante com enternecimento e compaixão o projeto de Lula de cuidar dos pobres e dos oprimidos(seu lado de cuidado/feminino). Ela pode realizar o ideal de Gandhi: “política é um gesto amoroso para com o povo”.

Neste momento dramático da história do Brasil e do mundo é importante que uma mulher exerça o poder como cuidado e serviço.

Ela, Dilma, imbuida desta consciência, poderá impor limites ao trabalho devastador e poderá fazer com que o desenvolvimento ansiado se faça com a natureza e não contra ela, com sentido de justiça social, de solidariedade a partir de baixo e de uma fraternidade aberta que inclui todos os povos e a inteira a comunidade de vida.

Leonardo Boff

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Depoimento de um educador


Educar para termos uma nação livre: Por que precisamos votar em Dilma?

Artur Gomes de Morais
professor titular do Centro de Educação da UFPE

Durante os anos de FHC e SERRA, as universidades públicas foram sucateadas. Nos últimos anos do período 1994-2002, as reitorias daquelas universidades não tinham dinheiro para pagar contas de água e luz. Quando muitos professores se aposentaram, com medo da mudança de regras da previdência, concursos públicos não eram feitos. Não havia dinheiro para pesquisa e as bolsas de mestrado e doutorado foram congeladas, assim como os baixos salários dos professores. O Provão, originalmente bolado para mostrar que as universidades públicas teriam baixo nível, revelou, ao contrário, que elas eram, geralmente, os melhores centros de ensino e o principal espaço de pesquisa no país. Apesar disto, durante os oito corruptos anos de FHC e de SERRA, os empresários interessados em vender diplomas foram estimulados a abrir faculdades em cada esquina. O irmão do ministro Paulo Renato, de triste memória, era e é um desses mercadores do ensino superior.

Durante os quase oito anos do governo de LULA e DILMA, 14 novas universidades federais foram criadas e, em 45 delas, novos campi foram criados, como é o caso da UFPE e da UFRPE. Muitos concursos vêm sendo realizados e a necessidade de formarmos mestres e doutores para atuarem no ensino superior continua uma bela realidade. Ao lado da expansão das vagas em universidades públicas, o governo também ampliou o número de bolsas para custeio de cursos em faculdades privadas, através do PROUNI. O número de bolsas de mestrado e doutorado vem crescendo anualmente, assim como foi corrigido o valor das bolsas que estavam congeladas entre 1994 e 2002. Desde 2003, a cada ano, agências como o CNPq abrem editais de financiamento à pesquisa, atendendo áreas que, antes, eram praticamente esquecidas, como é o caso da Educação e das Ciências Humanas.

Nos tempos de FHC e SERRA não foi criada nenhuma escola técnica. Os recursos de financiamento da educação só se destinavam ao ensino fundamental (1ª. à 8ª. série) e os alunos da educação infantil, da EJA e do Ensino Médio não tinham direito a livros e outros materiais didáticos financiados pelo governo federal. Aliás, eles só teriam vagas nas escolas públicas se os governos municipais ou estaduais decidissem neles investir.

Nos quase oito anos do governo de LULA e DILMA foram criadas 214 escolas técnicas. O novo financiamento da educação (FUNDEB) passou a incluir a pré-escola, a EJA e o ensino médio. Com a ampliação do ensino fundamental, todas as crianças pobres do Brasil passaram a ter uma vaga garantida, nas escolas públicas, aos 6 anos de idade (e não aos 7, como era antes). Aliás, graças a uma lei aprovada no governo de LULA e DILMA, a partir de 2012, todas as crianças brasileiras terão acesso à pré-escola, nas redes públicas, a partir dos 4 anos. Isto, felizmente, também ajudará a diminuir o fosso entre ricos e pobres.

Ainda temos muito, muitíssimo por avançar. Mas, é claro, não podemos deixar os que privatizam e destroem a escola pública voltar ao poder. Por isso, voto em Dilma, com toda a tranqüilidade e esperança de que continuaremos a lutar, diariamente, para ter educação de qualidade para todos. E conto com você nessa batalha.




quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Somente para relembrar:

Através do decreto nº 1.485, Serra em 1995, então Ministro do Planejamento do Governo Fernando Henrique, tentou privatizar a Chesf, Furnas, Eletronorte e Eletrosul.

SERÁ QUE ELE MUDOU DE IDEIA????????
Felizmente o processo de privatização fracassou, mas José Serra (PSDB) bem que tentou, assinando o decreto nº 1481/1995 para levar à leilão até geradoras de energia elétrica, quando era Ministro do Planejamento de Fernando Henrique Cardoso
Observem:

DECRETO Nº 1.481, DE 3 DE MAIO DE 1995.

Inclui empresas no Programa Nacional de Desestatização PND.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei nº 8.031, de 12 de abril de 1990,
DECRETA:
Art. 1º Ficam incluídas no Programa Nacional de Desestatização (PND), para os fins da Lei nº 8.031, de 12 de abril de 1990, as empresas:
I - Centrais Elétricas Brasileiras S.A. ELETROBRÁS;
II - Furnas - Centrais Elétricas S.A.;
III - Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. ELETRONORTE;
IV - Centrais Elétricas do Sul do Brasil S.A. ELETROSUL;
V - Companhia Hidroelétrica do São Francisco CHESF.
Art. 2º As ações representativas das participações acionárias da União e das entidades da Administração Pública Federal indireta nas sociedades referidas no artigo anterior deverão ser depositadas no Fundo Nacional de Desenvolvimento - PND, no prazo máximo de cinco dias, contados da data de publicação deste decreto.
Art. 3º Este decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 3 de maio de 1995; 174º da Independência e 107º da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Raimundo Brito
José Serra
Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 4.5.1995
Felizmente o processo de privatização fracassou, mas José Serra (PSDB) bem que tentou, assinando o decreto nº 1481/1995 para levar à leilão até geradoras de energia elétrica, quando era Ministro do Planejamento de Fernando Henrique Cardoso.


Vamos ver se algumas pessoas mudam de opinião depois de ver este vídeo
(http://www.youtube.com/watch?v=grbeuBaY9Kk ), portanto já sabem que a Moto-SERRA ira atuar com a PETROBRÁS / ELETROBRÁS / BB / CEF / BNB / CORREIOS, etc, etc.
Caros colegas
Vale a pena dedicar uns minutinhos e assistir aos vídeos

1 Veja quem é Zé Serra - por Mano Brown:
http://www.youtube.com/watch?v=K4KX5wCzAoY&feature=related

 2 Ciro Gomes diz porque os tucanos não podem voltar ao poder (“Serra é o FHC boy”):

3 Ao contrário de Dilma, eles são a favor do aborto:

4 Os tucanos apóiam a legalização da maconha:

5 Essa é para quem votou em Marina (PV): O próprio Serra diz que Marina parece muito com Dilma:

6 Serra vai vender nosso país (é pior que FHC):

7 Governo Lula x Governo tucano (vamos comparar):

8 Serra não tem palavra (como diz Marina, é o “promessômetro”):

9 “Vote num careca e ganhe dois”... sem comentário:


VAMOS ELEGER A PRIMEIRA MULHER PRESIDENTE DESSE PAÍS...
DILMA JÁ!!!
Abraão Tiago

Recebemos por email 

O caso Paulo Preto - ultimato a SERRA,

Veja que situação intrigante

Domingo, 10/10/2010 – Aparece a personagem Paulo Preto

No final do primeiro bloco do debate na Rede Bandeirantes, Dilma Rousseff (PT), cobrou de José Serra (PSDB) esclarecimentos sobre Paulo Vieira de Souza, ex-membro do governo tucano em São Paulo que, segundo a petista, "fugiu com R$ 4 milhões de sua campanha". Na plateia, o questionamento deixou os petistas efusivos. Integrantes do PSDB, preocupados com o cerco da imprensa a partir deste instante, prepararam uma saída à francesa do senador eleito Aloysio Nunes, que mantinha relações estreitas com Vieira de Souza. Minutos depois, o senador eleito deixou o estúdio e não retornou.

Segunda – Feira - 11/10/2010 - Pela manhã - Serra nega conhecimento do Paulo Preto

"Eu não sei quem é o Paulo Preto. Nunca ouvi falar. Ele foi um factóide criado para que vocês (imprensa) fiquem perguntando". Serra disse ainda que não iria gastar horas de um debate nacional discutindo "bobagens".

Segunda – Feira – 11/10/2010 – Pela tarde - Paulo Preto dá entrevista

Ele disse que todas as suas "atitudes" foram informadas a Serra e garantiu: "não somos amigos, mas ele (Serra) me conhece muito bem. Até por uma questão de satisfação ao País, ele tem que responder (...) Acho um absurdo não ter resposta, porque quem cala consente".

Paulo Petro deu, segundo o jornal, um recado para antigos companheiros: "não se larga um líder ferido na estrada a troco de nada. Não cometam esse erro".

Terça – Feira – 12/10/2010 – Serra fala sobre Paulo Preto

No início da tarde desta terça, Serra alegou que Paulo nunca trabalhou na arrecadação de verba para financiar a campanha e desmentiu a matéria da revista Istoé, onde o engenheiro era acusado de ter procurado empresários e pedido colaboração para a campanha, para depois sumir com o dinheiro.

O tucano garante que "em absoluto, não houve nada parecido". Ele também afirmou que a acusação contra o ex-diretor é "injusta" e assegurou não ter havido nenhum desvio por parte de ninguém em sua campanha. "Isso tinha sido uma bobagem que saiu numa reportagem de uma revista, inclusive, tratando Paulo Souza de maneira preconceituosa, com um apelido preconceituoso", afirmou, dizendo ainda que "só sabia que o engenheiro era muito competente e que nunca ouviu nenhuma acusação contra ele".

Questionado sobre o tom de ameaça da entrevista de Paulo à Folha de São Paulo, Serra respondeu: "acho curioso dar para esse fato uma importância que, de fato, ele não tem". O candidato se esquivou das perguntas relacionadas a esse assunto e afirmou que não leu a entrevista. As respostas eram substituídas por ataques às afirmações de Dilma no debate. "Eu fico curioso porque a preocupação de Dilma Rousseff é com problemas internos da nossa campanha, enquanto a nossa preocupação com desvios é na Casa Civil, com o dinheiro público dos contribuintes", disse o tucano. Em outra oportunidade, afirmou: "isso é fantasia pura e falta de assunto por parte da candidata (Dilma)".

Emilton Xavier

sábado, 25 de setembro de 2010

Síndrome de Burnout em Professores

Síndrome de Burnout: uma doença do trabalho

Síndrome de Burnout: uma doença do trabalho

Saiba mais sobre um distúrbio ainda pouco conhecido da população, mas cada vez mais inerente ao ambiente de trabalho.

Não há dados sobre a incidência da Síndrome de Burnout no Brasil, mas os consultórios médicos e psicológicos registram um constante aumento do número de pacientes com relatos de sintomas típicos da Síndrome. O problema foi identificado em 1974, nos Estados Unidos, pelo pesquisador Freunderberger, a partir da observação de desgaste no humor e na motivação de profissionais de saúde com os quais trabalhava.
O termo síndrome de Burnout resultou da junção de burn (queima) e out (exterior), caracterizando um tipo de estresse ocupacional, durante o qual a pessoa consome-se física e emocionalmente, resultando em exaustão e em um comportamento agressivo e irritadiço. “Boa parte dos sintomas também é comum em casos de estresse convencional, mas com o acréscimo da desumanização, que se mostra por atitudes negativas e grosseiras em relação às pessoas atendidas no ambiente profissional e que por vezes se estende também aos colegas, amigos e familiares”, explica a psicóloga clínica e hipnoterapeuta ericksoniana Adriana de Araújo.
Segundo a especialista, é bom observar que “o problema é sempre relativo ao mundo do trabalho. É importante ressaltar, que a doença atinge pessoas sem antecedentes psicopatológicos”, afirma. A Síndrome afeta especialmente aqueles profissionais obrigados a manter contato próximo com outros indivíduos e dos quais se espera uma atitude, no mínimo, solidária com a causa alheia. É o caso de médicos, enfermeiros, psicólogos, professores, policiais. “Recentemente, a categoria dos funcionários de companhias aéreas inseriu-se entre aquelas de alto risco para desenvolver a Síndrome, devido às pressões intensas e ao desgaste vivido durante a crise dos atrasos nos horários dos vôos”, exemplifica Adriana de Araújo.

Veja a lista completa das áreas mais estressantes:


1) Tecnologia da Informação;

2) Medicina;

3) Engenharia;

4) Vendas e Marketing;

5) Educação;

6) Finanças;

7) Recursos Humanos;

8) Operações;

9) Produção;

10) Religião.

FONTE: Consultoria SWNS, 2006

Apesar da associação do distúrbio com o perfil de trabalhadores já mencionados, ele pode afetar executivos e donas de casa também. Em comum, os candidatos à Síndrome apresentam uma personalidade com maior risco para desenvolver Burnout. “Ou seja, são pessoas excessivamente críticas, muito exigentes consigo mesmas e com os outros e que têm maior dificuldade para lidar com situações difíceis”, explica a psicóloga.

A especialista também destaca algumas das características individuais que podem incentivar o estabelecimento da Síndrome: idealismo elevado, excesso de dedicação, alta motivação, perfeccionismo, rigidez. “Em geral, são indivíduos que gostam e se envolvem com o que fazem, não medindo esforços para atingir seus próprios objetivos e os da instituição em que atuam. De certa forma, é tudo o que as organizações esperam de um bom profissional”, conclui. Ou seja, os ambientes corporativos estimulam, de alguma maneira, esse tipo de comportamento entre os profissionais, criando condições que podem predispor ao adoecimento e, na seqüência direta, em licenças médicas e eventuais afastamentos por longos períodos.

Principais características da Síndrome de Burnout:

SINTOMAS EMOCIONAIS: avaliação negativa do desempenho profissional, esgotamento, fracasso, impotência, baixa auto-estima.
MANIFESTAÇÕES FÍSICAS OU TRANSTORNOS PSICOSSOMÁTICOS: fadiga crônica, dores de cabeça, insônia, úlceras digestivas, hipertensão arterial, taquicardia, arritmias, perda de peso, dores musculares e de coluna, alergias, lapsos de memória.

ALTERAÇÕES COMPORTAMENTAIS: maior consumo de café, álcool e remédios, faltas no trabalho, baixo rendimento pessoal, cinismo, impaciência, sentimento de onipotência e também de impotência, incapacidade de concentração, depressão, baixa tolerância à frustração, ímpeto de abandonar o trabalho, comportamento paranóico (tentativa de suicídio) e/ou agressividade.

É preciso deixar claro que a Síndrome de Burnout não deve ser confundida com estresse ou depressão. No primeiro caso, o aparecimento dos sintomas psicossomáticos (dores de cabeça, insônia, gastrite, diarréia, alterações menstruais) sugere muito mais um estresse ocupacional crônico, algo que os estudiosos do assunto definem com tentativa de adaptação a uma situação claramente desconfortável no trabalho.

Em relação à depressão, chegou-se a cogitar uma sobreposição entre Burnout e depressão, no entanto, tratam-se de conceitos distintos. “O que ambos têm em comum é a disforia, o desânimo. Todavia, avaliando-se as manifestações clínicas, encontramos nos depressivos uma maior submissão à letargia e a prevalência aos sentimentos de culpa e derrota, enquanto nas pessoas com Burnout são mais marcantes o desapontamento e a tristeza. A pessoa que vivencia o Burnout identifica o trabalho como desencadeante deste processo”, explica Adriana de Araújo.

Atenção ao ritmo de trabalho

Na realidade, o ritmo acelerado e as tensões no trabalho existentes atualmente, por si só, não desencadeiam a Síndrome. “O desgaste com rotinas extenuantes, horas extras e cobranças de chefias constituem a regra quando o assunto é trabalho nos dias de hoje”, afirma a hipnoterapeuta ericksoniana Adriana de Araújo.

O ambiente de trabalho e as condições organizacionais são fundamentais para que a Síndrome se desenvolva, mas a sua manifestação depende muito mais da reação individual de cada pessoa frente aos problemas que surgem na rotina profissional. A sensação de inadequação na empresa e o sofrimento psíquico intenso desembocam geralmente nos sintomas físicos, quando não dá mais para disfarçar a insatisfação, porque ela afetou a saúde.

O tratamento da Síndrome de Burnout é essencialmente psicoterapêutico. Mas, em alguns casos, pode-se lançar mão de medicamentos como os ansiolíticos ou antidepressivos para atenuar a ansiedade e a tensão, sendo sempre necessária a avaliação e, no caso medicamentoso, a prescrição feita por um medico especialista. “No processo psicoterapêutico, além do enfoque individual para o alívio das dificuldades sentidas, é necessário a reflexão e um redimensionamento das atitudes relativas à atividade profissional, objetivos de vida e cuidados com a auto-estima e com sentimentos mais profundos de aceitação”, defende Adriana de Araújo.
O mercado financeiro

No mercado financeiro, ansiedade e agitação são ingredientes do trabalho. Mas, em excesso, estes componentes podem provocar insônia, variação de peso, exaustão e falhas de memória - motivos que têm levado esta categoria a procurar ajuda médica e psicológica. "Os profissionais do mercado financeiro têm metas muito apertadas, que exigem grande esforço do indivíduo", observa Adriana de Araújo.

O aumento de pacientes vindos do mercado financeiro nos consultórios médicos e psicológicos é fruto do próprio crescimento do mercado de capitais brasileiro, com maior volume de negócios e mais pessoas atuando em bancos, corretoras e gestoras de recursos.

“O problema surge com mais freqüência entre os novatos neste setor, que começam a atuar sem a devida preparação e sem o pleno conhecimento dos mecanismos do mercado de ações. Os mais antigos na profissão estão mais preparados para lidar com a pressão psicológica da atividade que exercem”, afirma a psicóloga. A demanda é maior em momentos de crise no mercado de capitais. Para estes profissionais, “a terapia serve para mostrar que o universo financeiro não condiz com a realidade fora dele. Através de reflexões, mostramos que o cotidiano não funciona assim, que sem saúde física e mental não se pode fazer nada", afirma a psicóloga clínica Adriana de Araújo.

Hora de parar


No decreto N° 3048/99 que regulamenta a Previdência Social, o grupo V da Classificação Internacional de Doenças (CID) 10 menciona no inciso XII a “Síndrome de Burnout, “Síndrome do Esgotamento Profissional”, também identificada como “Sensação de Estar Acabado”. O profissional tem direito a afastar-se uma vez que tenha sido diagnosticada a Síndrome. “É preciso que as empresas se conscientizem da urgência de reavaliar a cultura de exigir dos funcionários metas, às vezes, impossíveis para um ser humano”, alerta Adriana de Araújo.