domingo, 16 de maio de 2010

Desvalorizado, professor é atacado

Profissional, que deveria ser a autoridade, não tem mais o respeito dos alunos


RIO DE JANEIRO (ABr) - O comportamento desrespeitoso de alunos em relação aos professores nas escolas públicas é consequência da desvalorização da profissão. Essa é a opinião da antropóloga Alba Zaluar, coordenadora do Núcleo de Pesquisas das Violências da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Segundo ela, as situações de uso da ironia, de desacato e de agressões verbais, às vezes físicas, também têm ligação com uma mudança na cultura jovem, que, com o passar dos anos, está cada vez mais desafiadora. “Estamos vivendo uma crise das figuras de autoridades”.

Para a pesquisadora, que atua nas áreas de antropologia urbana e da violência, o problema pode estar relacionado também à aproximação do tráfico de drogas das escolas. Os conflitos de quadrilhas são levados para dentro dos colégios, incitando, assim, as rivalidades diante dos professores que, por sua vez, não conseguem mais exercer a autoridade com os jovens. Alba Zaluar criticou a falta de estatísticas oficiais para subsidiar o trabalho dos pesquisadores. “Não temos como acompanhar se está realmente havendo um aumento dos casos de violência nas escolas porque o Poder Público não nos oferece dados oficiais”.

O Rio de Janeiro, onde há a maior rede de escolas públicas de Ensino Fundamental da América Latina, com 1.062 unidades, enfrenta também o maior problema de gestão para conter a violência que se dissemina dentro dos colégios nos horários de aulas. A coordenadora do Sindicato Estadual dos Profissionais de Ensino (Sepe), Edna Félix, acredita que a onda de violência nas escolas é fruto da falta de investimentos na área educacional. “O esvaziamento de profissionais qualificados nas escolas acirra o conflito, a revolta dos alunos e dos professores”, disse a coordenadora.

Ela lembrou as salas dos extintos serviços de Orientação Educacional (SOEs) e de Orientação Pedagógica (SOP), cujos profissionais atendiam aos alunos com problemas emocionais e/ou familiares que prejudicavam o desempenho escolar e o relacionamento com os colegas e professores. “Chegamos ao ponto de ter escolas com apenas um inspetor e nenhum orientador educacional. Precisamos reativar os serviços de atendimento psicológico aos alunos e não responder às agressões deles também de forma violenta, chamando a guarda municipal e a polícia”, considerou.

Fonte: http://www.folhape.com.br/

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